TEMA: INTERPRETAÇÃO E TRANFERÊNCIA
TÍTULO: DO NÃO CUIDAR AO CUIDADO DA ESCUTA
O presente artigo pretende traçar através da psicanálise a função das entrevistas preliminares haja vista sua distribuição antes lógica do que cronológica em que se divide a função sintomal, a função diagnóstica e primordialmente a função transferencial, através de um relato clínico.
O surgimento do sujeito sob transferência é o que dá o sinal de entrada em análise, e esse sujeito é vinculado ao saber. A resolução de se buscar um analista está vinculada à hipótese de que há um saber em jogo no sintoma ou naquilo de que a pessoa quer se desvencilhar. Sabemos que o estabelecimento da transferência é necessário para que uma análise se inicie, porém ela não é algo condicionado, ela está aí, diz Lacan na Proposição e portanto não é uma função do analista, mas do analisante.
Podemos nos perguntar sobre o principio que diz que o analista não deve desejar nada para seu paciente. A demanda endereçada ao Outro é sempre uma demanda intransitiva, uma demanda sem objeto: "Aquilo que lhe peço não me dê, pois não é isto" (Saber do psicanalista), nos diz Lacan. E neste contraponto de amor de transferência a psicanálise se oferece a escutar para além da demanda, do sintoma, o desejo, isto é permite que o sujeito traga aquilo que puder e como conseguir trazer.
O caso “Tatiana” nos instiga a pensar que no início de um tratamento, o que o sujeito traz difere daquilo que o faz sofrer de fato, mas que a partir da transferência e da lógica da interpretação algo do infantil surge, dando um passo de sentido ao que antes fazia pouco sentido. Todavia Lacan nos ensina em “A Direção da Cura e os Princípios de seu Poder (1957) que a cura analítica tem uma direção, e é o analista quem dirige, nos lembrando da ética e da responsabilidade enquanto analistas, de uma equivalencia, a lógica da castração.
Escutar o que um paciente fala em sua demanda de raiz, é o que importa e que faz transformar pela via transferencial o significante de não ser cuidado a uma escuta cuidadosa que estabelece o efeito definido por Lacan como o “amor que se dirige ao saber”.
Maravilhoso texto. As ideias ,aqui, expressam são de grande valia. Gosto da psicanálise, filosofia, história, arte e por aí vai. As importância da psicanálise para a compreensão da existência subjetiva do indivíduo é fantástica. E saber que Freud bebeu de tantas fontes da filosofia, a saber: Schopenhaur e, talvez, Nietzsche. Parabéns, pelo blogger. Voltarei outras vezes mais...
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