sábado, 6 de agosto de 2011

A Psicanálise interpreta Michael Jackson ?


 

A Psicanálise interpreta Michael Jackson ?

Daniele Baggio da Silva[1]


Os artistas sabem daquilo que o psicanalista ensina[2]. A psicanálise nos faz entender que pessoas como Michael Jackson que simbolizam a arte, são elas que nos interpretam que nos comovem. A psicanálise não interpreta; são os artistas que nos interpretam - que nos fazem pensar diferente, ver o mundo diferente. Lacan 2003, ensina que há um limite em que o olhar se converte em beleza, é o limiar entre duas mortes, o lugar do infortúnio[3], em uma homenagem que faz ao livro da escritora francesa – Marguerite Duras (O arrebatamento de Lol. V. Stein).  O espaço da tragédia existe para todo sujeito: ao nascer a única certeza é a morte. Esse espaço é o que o sujeito tenta velar com a beleza. O narcisismo é uma tentativa de velar com a beleza a morte anunciada.
Em entrevista ao site O Globo, Augusto Carazza relata que Michael Jackson era um homem que, sem sombra de dúvida, imprimiu seu desejo no mundo, ou melhor, modificou o mundo conforme seus desejos. Essa fenomenal arte de produzir músicas, clips, cantar e dançar, a um ponto de fazê-lo ser chamado de o Rei do Pop, “King Of  Pop”  nos faz pensar que o que faz uma obra de arte, uma criação, ser imortal,  é exatamente o fato dela escapar as tentativas cognocíveis[4] de apreendê-la. Todos nós temos algo que nos interroga, sabendo que sempre existe um descompasso entre o que se sente e o que se diz. Vivemos desse descompasso. Os artistas vivem isso mais claro e têm a tarefa, a responsabilidade de sustentar essa.
Um exemplo disso é se observarmos as diferentes formas como os fãs de Michael Jackson o vêem, seja nas Filipinas, no Japão, nos E.U.A ou no Brasil. Essa comoção mundial pode ser explicada por que Michael Jackson além de ter sido um artista revolucionário, foi, também, em virtude de suas escolhas objetais e modificações corporais, alguém que provocou um sentimento de estranheza. Ele inaugurou um senso estético que, para muitos, beirou o grotesco – “a estética do grotesco”. Freud em seu texto de 1919 “O Estranho” nos ensina que: 

 Nada em absoluto encontra-se a respeito deste assunto em extensos tratados de estética, que em geral preferem preocupar-se com o que é belo, atraente e sublime - isto é, com sentimentos de natureza positiva - e com as circunstâncias e os objetivos que os trazem à tona, mais do que com os sentimentos opostos, de repulsa e aflição. (FREUD, 1919, p.300 )

 Todavia, à luz de nova interpretação, podemos pensar que ao interferir de modo violento no primário (corpo), ele realizou um desejo inerente ao ser humano, de alguma forma, realizar – a modificação deste primário no Real[5], já que além de conseguir fazer inúmeras cirurgias plásticas, Michael também conseguiu concretizar o sonho do eterno, morar em um mundo encantado “Neverland” a terra do nunca de Peter Pan, o garoto que não queria crescer. Mas podemos nos questionar, terra do nunca, o que? Do nunca morrer? Do nunca tornar-se adulto? Do eternizar? Poderia ser, terra do nunca ser, do que não tem lugar, do fora da Lei.  
  Atualmente, a quantidade de pessoas que faz musculação, prótese de silicone, cirurgia plástica, lipoaspiração, operação de redução de estômago e, etc aumenta cada vez mais e só comprova esta intencionalidade (corpo simétrico). Michael quis ser aquilo que projetou e, no fundo, podemos nos perguntar será que obteve ou não o êxito?  E as pessoas ditas “normais” estão obtendo êxito em suas transformações? Nos dias atuais, isso é chamado de  Capitalismo selvagem.  
Atualmente vivemos num mundo da primazia da imagem e do objeto, em rápidas e constantes mudanças que, muitas vezes, falham em oferecer sustentação simbólica, referenciais que ajudam a encontrar sentido. O que se pode dizer também é que atualmente se vive em um mundo no limite da ordem, da lei, da simbolização e algumas das conseqüências que isso provoca é, como já dizia Lacan, o que não é encontrado no simbólico, se encontra/apresenta-se no real.  Parte-se muitas vezes para a violência, para a Lei que vem de fora, dos policiais, órgãos federais e por que não dos cirurgiões que cortam e costuram um corpo sem antes querer saber, a verdade que delata um sujeito. Ou ainda de uma auto-agressividade que de tanto doer,  nem mesmo anos de demerol - o analgésico fortíssimo pôde abarcar tamanha angústia de um sujeito que não foi ouvido.
Segundo Ribeiro, 2006 a Angústia,  em última instância é o medo que nós temos de nos vermos reduzidos a esta máquina mortífera: o corpo. É quando o corpo começa a aparecer como uma libra de carne como Shakespeare se refere ao mercador de Veneza. A angústia é a última tentativa de se proteger deste horror. Por isso Freud diz que a angustia é um sinal do eu para sair correndo deste pavor. É isso que Lacan chama de se sentir reduzido a objeto. É como diz Schreber “é um cadáver carregando outro cadáver”. Um psicótico tem noção desta dimensão de horror. Arthur Bispo[6] que também era um artista fenomenal diz: “todo louco tem um morto que o guia”. A angústia aparece aí no padecer humano, como ponto máximo de dificuldade e de movimento. É Freud quem diz isso. Lacan só confirma. Porque quando você tem medo, você tem medo de algo externo a você, então você foge e na angústia você foge para dentro de si mesmo e então a angústia aparece no corpo: o coração dispara, sua frio, fica vermelho. É como uma corrida, mas o sujeito sente isso parado. Angústia seria um ponto máximo de dificuldade e movimento.
Michael Joseph Jackson como foi registrado em sua certidão de nascimento, com o nome do pai, não teve a mesma sorte no registro psíquico, Michael não teve o Nome do pai inscrito, houve uma recusa, uma foraclusão onde a Lei paterna não se inscreveu, perdeu a validade, chegou tarde demais. Na esquizofrenia os sintomas delirantes são basicamente corporais, e a ausência do NP impede o sujeito de construir uma imagem especular sólida. Conforme Ribeiro 2006, o esquizofrênico não subjetiva seu corpo, o corpo é vivido como um Grande Outro que o invade, o gozo está localizado no corpo que se torna o Grande Outro, ele não tem um corpo, o corpo é que o tem, e por tanto é tão comum a auto-mutilação. Certa vez em uma conversa com Michael, Joseph “seu pai” disse, “nesta vida, ou você é um vendedor ou um perdedor” de toda a família o único que revidava o pai era ele e depois de um dos seus espancamentos ele virou para o pai e atirou-lhe o sapato. Então Joseph disse, “Menino, você acaba de assinar sua sentença de morte”.  (TARABORRELLI, 2009).
A agressividade não se apresenta apenas nos atos violentos, mas permeia nossa vida. Freud já havia falado da educação para a realidade. Em preparar o jovem para lidar com sua própria agressividade, já que a mesma não é algo que difere da conduta humana em geral, mas faz parte dela. Socialmente perigosa porque causa danos aos valores fundamentais que permitem a existência de uma comunidade, rompe o pacto que os une e ataca seus membros, assim como nos diz Joaceri Merlim em seu artigo “Do muro ao Murro” [7] (Internet, 1999). O agressor não responde somente ao ambiente, mas também atua sobre ele produzindo novas reações. Agressividade e narcisismo são contemporâneos na formação do sujeito, pois se formam a partir da imagem do Outro. Quando o sujeito vê seu próprio corpo na imagem do outro, ele percebe seu próprio domínio realizado no outro.  O eu está ligado à imagem do corpo. A criança vê sua imagem total refletida no espelho e identifica-se com essa imagem, imagem ideal, a qual ela não nunca conseguirá unir-se. Essa visão totalizada de seu corpo não condiz com o estado de dependência e impotência motora em que se encontra. Merlim (1999) cita Lacan, que chama isso de identificação primordial com uma imagem ideal de si mesmo, trata-se de uma relação erótica onde o indivíduo humano se fixa a uma imagem que o aliena de si mesmo.
 A imagem de Michael virou do avesso e ele ficou visto como  personificação das deformações que a fama é capaz de imprimir, até mesmo fisicamente. Viciado em analgésicos[8] desde os anos 80 quando em uma gravação de um comercial aconteceu um acidente que queimou seu couro cabeludo, Michael os contraia por diversos motivos, seja pelas cirurgias que o cindiam, seja pela angústia dos julgamentos feitos a ele enquanto  “abusador” de crianças. Em uma de suas acusações Michael foi absolvido e depois disso ficou um longo período em reclusão. São muitas as especulações e hipóteses a este respeito, mas segundo as pessoas mais íntimas,  considera-se que Michael era uma pessoa doce, frágil, sem qualquer indício de abusos sexuais em crianças e adolescentes. Talvez o que ele quisesse, fosse simplesmente permanecer ao lado da juventude infantil, de algo que não mostrava horror de envelhecimento ou ainda permanecer criança, já que passou a infância trabalhando como adulto.
Uma outra razão para o apedrejamento de Michael é que talvez esse desejo tenha batido de frente com a “normalidade” da cultura, ou ainda porque, desta forma, os acusadores “matam” aquilo que está neles. Tentam “reprimir - projetar” o estranho que, segundo Freud, é familiar: “Pode ser verdade que o estranho seja algo secretamente familiar, que foi submetido à repressão (recalque) e depois voltou, e que tudo aquilo que é estranho satisfaz essa condição” – se atira pedra naquilo que é seu, naquilo que se recalcou. Nas palavras de Freud “o estranho é aquela categoria do assustador que remete ao que é conhecido, de velho, e há muito familiar” (Freud, 1919  p. 300).
Segundo a reportagem “O avesso do avesso” da Revista Veja de 1 Julho de 2009, os pais de Michael Jackson contam em uma entrevista a revista ‘Time’ que Michael desde os seis anos de idade ensaiava o dia inteiro e as vezes olhava para fora e via as crianças brincando e chorava. Por vezes de nervosismo e com medo do adestrador  Joseph Jackson, dito seu pai, vomitava  e anos antes da puberdade ele chorava todos os dias. Seu início de carreira musical foi em boates e palcos de prostíbulos e forçado por um irmão Michael perdeu sua virgindade e ganhou mais um trauma para carregar a sua vida afora. Aos 20 anos Michael decidiu iniciar sua metamorfose física que resultou em uma verdadeira tragédia, já que de tanto se submeter a cirurgias e a sua despigmentação, que até hoje, não se sabe se realmente foi por conta do vitiligo como ele dizia, ocasionou cicatrizes dolorosas e incuráveis.  Dormia em uma câmara hiperbárica em cuja a alta pressão atmosférica esperava encontrar longevidade. A idéia era chegar no mínimo aos 150 anos.  
Em seu famoso passo “moonwalk”, Michael realmente deu um passo para trás em sua carreira e em sua vida, já que em sua caminhada teve muitos altos e baixos começou vendendo 1 milhão de cópias em (1972) depois passou a 20 milhões em (1979) e estourou em (1982) com Thriller, cabe aqui também uma consideração a respeito do clip do horror em que Michael está ao mesmo tempo como sujeito normal e mostro, o que a psicanálise chama realidade do sujeito. Nas diversas traduções que Freud faz do Estranho em 1919, uma se destaca, em árabe e hebreu ‘estranho’ significa o mesmo que ‘demoníaco’, ‘horrível’, relata ainda que:

 Só raramente um psicanalista se sente impelido a pesquisar o tema da estética, mesmo quando por estética se entende não simplesmente a teoria da beleza, mas a teoria das qualidades do sentir. O analista opera em outras camadas da vida mental e pouco tem a ver com os impulsos emocionais dominados, os quais, inibidos em seus objetivos e dependentes de uma hoste de fatores simultâneos, fornecem habitualmente o material para o estudo da estética. Mas acontece ocasionalmente que ele tem de interessar-se por algum ramo particular daquele assunto; e esse ramo geralmente revela-se um campo bastante remoto, negligenciado na literatura especializada da estética (Freud, 1919, p.298).

Conforme Freud,  O tema do ‘estranho’ é um ramo desse tipo. Relaciona-se indubitavelmente com o que é assustador - com o que provoca medo e horror; certamente, também, a palavra nem sempre é usada num sentido claramente definível, de modo que tende a coincidir com aquilo que desperta o medo em geral. Ainda assim, podemos esperar que esteja presente um núcleo especial de sensibilidade que justificou o uso de um termo conceitual peculiar. Fica-se curioso para saber que núcleo comum é esse que nos permite distinguir como ‘estranhas’ determinadas coisas que estão dentro do campo do que é amedrontador.

 Depois deste disco representado pelo “monstro” e que rendeu 100 milhões de cópias e ainda a “febre” Jacksonmania, onde todos queriam dançar e vestir - se como ele,  seus discos foram perdendo a importância até que se chegasse a 10 milhões em 1995.   
Em seu passo pra trás, foi efetivamente passado para trás, deixando a milionária vida no mundo encantado para ser um devedor de aproximadamente 500 milhões de dólares na realidade nua e crua da vida cotidiana.
Devemos aproveitar estas ocasiões em que o real se apresenta para que possamos ter mais cuidado com outro. Nós, comumente, nos defendemos com todas as forças do “estranho”, mas se entendermos que ele faz parte de nossa constituição, a vida pode tornar-se menos insuportável e a dor de existir pode aos poucos dissolver-se, através da palavra.
Freud em “Análise Terminável e Interminável” (1937, p.225-270 passim) inscreve a Psicanálise entre as três profissões impossíveis, que seriam governar, educar e analisar, já que para essas ações só se pode contribuir parcialmente, pois a outra parcela estaria em nível inconsciente, a nível ao qual só se pode ter acesso na análise pessoal, e mesmo assim não de forma completa. Freud fala que não seria a análise terapêutica dos pacientes, mas a própria análise que se transformaria em tarefa terminável e interminável. Podemos dizer aqui que se o sujeito é dividido entre consciente e inconsciente e não sabe de todos os seus determinantes, as profissões impossíveis estariam relacionadas a uma divisão estrutural do sujeito não completo, mas faltoso e, portanto, sujeito, pois não abarcariam a completude e nem seria viável que fosse.   
Michael Jackson teve um final enigmático, assim como o mistério que foi sua vida, não pode ou não quis ser ouvido em suas verdades, mas terminou derrubando as últimas barreiras que restavam entre a música de brancos e negros, elevando a sua dança a categoria de arte e renascendo com sua morte em sucessos que estouraram mais uma vez pelo mundo. Entre o embaraço e a angústia nós temos a passagem ao ato. Mas será que neste caso podemos pensar em passagem ao ato?  A passagem ao ato é silenciosa, não tem endereçamento. A passagem ao ato é radical, é da ordem do Real, é questão de vida ou morte. Conforme  Ribeiro 2006, um tipo de passagem ao ato é o homicídio ou suicídio. O fato de tirar a vida é um fato não reproduzido, o sujeito está fora da cultura, ele não é mais sujeito, é um monstro. A respeito da morte não há simbolização.
Em seu texto “Mal-estar na Civilização”[9], Freud aponta que os sofrimentos gerados ao homem, através da sua busca pela felicidade, podem ser resultantes do seu próprio corpo, do mundo externo e em especial do seu relacionamento com os outros. O mal estar na civilização pode ser representado pelo mal estar nos laços sociais, neste ponto não há dúvidas sobre os maus estares que Michael Jackson vivia em seus complexos familiares, mas o fato é que o triste fim deste artista, trouxe uma instigante pergunta, será que se fosse ouvido mesmo a psicanálise não sendo totalitária, plena, por justamente tratar-se de sujeitos singulares, inconscientes. Michael não poderia ter um final melhor, menos doloroso?
 A Psicanálise apresenta uma saída para o sujeito, isto é uma saída aos ideais transmitidos ou absorvidos pelos adultos, pois propõe uma escuta aos impasses,  em que através da palavra, o sujeito emerja em busca de seu desejo, apostando na ética e na verdade e no inconsciente que nos sujeita.

 

 

 

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BYDLOWSKI, Lizia. O Avesso do Avesso. Revista Veja. Edição 2119, n.26, ano 42, Julho/2009, p. 106-110.

CARAZZA, A. Michael Jackson e o estranho que nos habita. Artigo Internet <http://www.cocadaboa.com/archives/003512.php. Acesso em 14/07/09.

FREUD,Sigmund.“Mal Estar na Civilização”(1930), v.21, Rio de Janeiro:Imago, 1969,p. 67-148.
____________. “Análise Terminável e Interminável” (1937), v.23, Rio de Janeiro: Imago, 1969,225-270.
____________. “O Estranho” (1919) Vol.17, Rio de Janeiro: Imago, 1969, 297-324.
LACAN, Jacques. Outros Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003, p. 198-205.
JORGE,Marco Antonio Coutinho. Lacan: O Grande Freudiano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005, 78p.
 MARTINS, Sergio. Uma Lenda envolta, em mistério, dentro de um enigma.. Revista Veja. Edição 2119, n.26, ano42, Julho/2009, p. 96-104.
MERLIM, J. Artigo publicado na Internet: “Do muro ao Murro” (1999). Disponível em <www.escutaanalítica.com.br/psicanalise.htm>. Acesso em 31/05/2006.
RIBEIRO, Maria Anita Carneiro. “Angústia e vida pulsional” . Seminário de Psicanálise do Ágora Instituto Lacaniano de Campo Grande/MS. Informação Verbal, em Junho de 2006.
ROUDINESCO. Elizabeth. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 645.
TARABORRELLI, J. Randy. Michael Jackson. A Magia e a Loucura. São Paulo: Editora Globo, 2009, 670p.


[1] Daniele Baggio da Silva, Psicóloga, AP, membro da IF, da AFCL, do FCL-MS, membro da Comissão Editorial do Boletim do FCL- MS APOENA e do Grupo de Estudos Psicanalíticos Esfinge. danielebaggio@yahoo.com.br
[2] Lacan faz esta referencia em seu texto “Homenagem a Maguerite Duras pelo arrebatamento de Lol. V. Sten” em Outros Escritos, 2003.
[3] Infortúnio: infelicidade/sorte desgraçada.
[4] Cognocíveis: o que se pode conhecer
[5] -Real, Simbólico e Imaginário. Tripartição conceitual construída por Lacan.
- Real: termo empregado como substantivo por Lacan em 1953 e extraído, simultaneamente, do vocabulário da filosofia e do conceito freudiano de realidade psíquica, para designar uma realidade fenomênica que é imanente a representação e impossível de simbolizar. 
-Imaginário: É o registro psíquico que corresponde ao narcisismo, a primeiridade, tal como Narciso-ama a si mesmo, ama a imagem de si mesmo que ele vê no outro. Essa imagem projetada no Outro é fonte de amor, de paixão, de desejo de reconhecimento, mas também de agressividade e da competição. A identificação corresponde a um estado monádico que almeja totalidade, completude e auto-suficiência.
-Simbólico: Lugar do código fundamental da linguagem, ele é a lei, o Grande Outro como um terceiro em relação a todo o diálogo, estrutura regulada que prescreve o sujeito.
A primeiridade, secundidade e terceiridade podem ser proeminentemente percebidas no imaginário, real e simbólico respectivamente.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             
4 Arthur Bispo do Rosário é natural de Japaratuba-Sergipe, é descendente de escravos africanos, foi marinheiro na juventude, vindo a tornar-se empregado de uma tradicional família carioca.Na noite 22 de Dezembro de 1938, despertou com alucinações que o conduziram ao patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, a quem disse que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pela rua Primeiro de Março e por várias igrejas do então Distrito Federal, terminou subindo ao Mosteiro de São Bento, onde anunciou a um grupo de monges que era um enviado de Deus, encarregado de julgar aos vivos e aos mortos. Dois dias depois foi detido e fichado pela polícia como negro, sem documentos e indigente, e conduzido ao Hospício Pedro II (o hospício da Praia Vermelha), primeira instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, onde anos antes havia sido internado o escritor Lima Barreto (1881-1922).Um mês após a sua internação, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, localizada no subúrbio de Jacarepaguá, sob o diagnóstico de "esquizofrênico-paranóico". Aqui recebeu o número de paciente 01662, e permaneceu por mais de 50 anos.Em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp. Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de mísses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Com eles, Bispo pretendia marcar a passagem de Deus na Terra.Os objetos recolhidos dos restos da sociedade de consumo foram reutilizados como forma de registrar o cotidiano dos indivíduos, preparados com preocupações estéticas, onde se percebem características dos conceitos das vanguardas artísticas e das produções elaboradas a partir de 1960.Utilizava a palavra como elemento pulsante. Ao recorrer a essa linguagem manipula signos e brinca com a construção de discursos, fragmenta a comunicação em códigos privados.Inserido em um contexto excludente, Bispo driblava as instituições todo tempo. A instituição manicomial se recusando a receber tratamentos médicos e dela retirando subsídios para elaborar sua obra, e Museus, quando sendo marginalizado e excluído é consagrado como referência da Arte Contemporânea brasileira. Biografia disponível em wikipédiawww.wihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bispo_do_Ros%C3%A1rio, acesso em 08/09/09 as 16:30hs.

 


[7] MERLIM, J. Artigo publicado na Internet: “Do muro ao Murro” (1999). Disponível em <www.escutaanalítica.com.br/psicanalise.htm>. Acesso em 31/05/2006.
[8] Analgésico é um termo colectivo para designar qualquer membro do diversificado grupo de drogas usadas para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol e o demerol. Os analgésicos são medicamentos que podem causar dependência física e psíquica e possivelmente levam à morte, se administrados em excesso. Não é recomendado o uso dessas drogas por conta própria. Outras classes de drogas, que normalmente não são consideradas analgésicos, são usadas para tratar sindromas de dor neuropáticos. Estas incluem antidepressivos tricíclicos e anticonvulsantes. Nomenclatura disponível wikipédia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Analg%C3%A9sico, acesso em 08/09/09 as 17:40hs.

[9] Neste texto Freud analisa o confronto existente entre a busca da felicidade e a subjugação desta à viabilização das estruturas sociais.

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